|
A matéria prima de qualquer análise estatística é o conjunto de dados. Diversas são as formas, mecanismos e instrumentos para coleta. Os dados podem vir de questionários, amostragens, experimentos, observacionais, repositórios, bancos de dados, web (processamento).
Basicamente, um questionário é um instrumento de pesquisa composto por uma série de perguntas. Trata-se de um instrumento bastante útil, mas diversos cuidados devem ser tomados visando a precisão das respostas por parte dos respondentes e a qualidade dos dados. Para formulação de um questionário devemos nos atentar ao objetivo da pesquisa, ao público alvo, aos tipos de perguntas e o que esperamos receber. Podemos formular questões de resposta única, resposta múltipla, escala de Likert ou ainda fazer uma pergunta aberta.
Questões abertas são mais difíceis de analisar devido à liberdada dada ao respondente, mas em alguns casos são necessárias. As questões fechadas são preferíveis, uma vez que são mais fáceis de serem tratadas após a execução do questionário pois as possibilidades de resposta eram restritas. Quanto aos enunciados, preocupe-se com a clareza, evitando interpretações ambiguas. Evite também questões tendenciosas, constrangedoras e desconfortáveis, pois as respostas não serão precisas.
Avalie a necessidade de cada pergunta feita, evite redundâncias ou variáveis você pode obter a partir das respostas. Por exemplo, pense a respeito destas 2 perguntas: “Você tem filhos?”, com as opções sim ou não; e a questão “Quantos filhos você tem?”, de resposta aberta em que o respondente insere o algarismo. Note que se você fizer apenas a segunda pergunta, você já saberá se o indivíduo tem ou não filhos (se a resposta for igual 0, o indivíduo está afirmando que não tem filhos). Outro exemplo: não há necessidade de pedir data de nascimento e idade do indivíduo, pois com a data de nascimento somos capazes de obter a idade. Ou ainda: peso, altura e IMC, pois com peso e altura podemos obter o IMC.
Após formular seu questionário lembre-se de testá-lo. E sempre peça a opinião de alguém não envolvido no processo de construção, olhares não viesados sempre são bem vindos para nos alertar sobre problemas como: perguntas ambiguas, erros ortográficos, opções insuficientes para questões fechadas, questões delicadas, etc.
Após coletar os dados, lembre-se de tratá-los. Verifique para cada variável se houve respostas absurdas. Por exemplo um indivíduo que informa que tem 5 metros de altura, ou 450 kg, ou até mesmo 250 anos de idade. Este tipo de resposta vai “sujar” sua análise. Por isso é importante a validação do questionário, avaliação de respostas inesperadas, buscar mecanismos para checagem de coerência das respostas e assim por diante.
Podemos pensar no tratamento (automático) de anomalias, no processamento (automático) e adequação de respostas em texto e até mesmo em procedimentos para exclusão (questão, resposta, respondente ou questionário).
Reflita sobre esta frase… Você prefere investir mais tempo na organização das questões a fim de obter um conjunto de dados mais limpo e com possivelmente menor necessidade de tratamento pós coleta, ou um questionário menos preocupado com estas questões e que vai requerer um cuidado bem maior no que diz respeito ao pós processamento até chegar a um conjunto de dados limpo para análise.